Gazeta Itapirense

Arnaldo Franco recebe Prêmio Zumbi dos Palmares na Alesp

Durante evento na Alesp, o líder da Congada Mineira de Itapira foi agraciado com uma das maiores honrarias oferecidas aos representantes da cultura negra em concorrido.

A comitiva itapirense foi recebida pelo deputado Totonho Munhoz que, em seu discurso destacou a importância da Congada Mineira e de seus membros na história cultural de Itapira.

“O racismo ainda se faz presente em todas as esferas do nosso país, é institucionalizado, naturalizado e deve ser combatido”, disse o deputado Teonilio Barba (PT) antes de iniciar a 20ª edição do Prêmio Zumbi dos Palmares, que visa contemplar e homenagear grandes figuras representativas da cultura negra.

A cerimônia foi realizada na última segunda-feira (13), na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, e foi marcada por diversos discursos, tanto de parlamentares quanto de homenageados, que destacaram a força e o crescimento do movimento negro no Parlamento e em todo o Estado.

Proponente do evento, Barba apontou para a importância da realização do Prêmio na semana anterior ao feriado da Consciência Negra (20 de novembro). “É mais um mês que representa a luta e a história dos negros no Brasil. Até hoje, tentam nos invisibilizar, tentam apagar a batalha que o povo preto trava desde que veio da África até as Américas. Mesmo com tantas medidas para acabar com a discriminação, ainda há muito a combater neste país”, discursou.

Totonho Munhoz recebeu a comitiva de Itapira e enalteceu a raça negra durante discurso

Participação dos deputados

O deputado Totonho Munhoz fez um discurso ao seu estilo e enalteceu a raça negra por tudo que fez pelo Brasil mas, como não poderia deixar de ser, teceu elogios ao líder da Congada Mineira, Arnaldo Franco: “temos em Itapira, minha terra, aquela que talvez seja a maior festa da raça negra do Brasil, quero ter a pretensão de afirmar que é. Há 135 anos lá a raça negra comemora o seu esforço, trabalho e sua dedicação que ajudaram a construir o nosso querido Brasil. Eu vim aqui para homenagear o Arnaldo Franco que desde 1957 é membro da Congada Mineira, é o homem que dignifica a raça negra”.

Deputado itapirense fez parte da mesa principal do importante evento

Mulher negra e ex-trabalhadora doméstica, Ediane Maria (Psol) foi uma das parlamentares a comparecerem na premiação. Em seu discurso, a deputada descreveu o mês de novembro como “uma época de força e reflexão” para o povo preto de São Paulo. Isso porque, de acordo com ela, a celebração do feriado nem sempre chega aos cidadãos de maior vulnerabilidade social.

“A própria existência de um feriado de celebração a uma figura negra é contraditória, visto que grande parte dos trabalhadores negros não descansam nesta data. Domésticas, como eu, diaristas e babás, essas não param nunca. Esses dias não chegam para o nosso povo, que mal tem tempo de olhar as notícias ou o calendário, e mostram exatamente como somos silenciados pela sociedade”, declarou Ediane.

Adiante, a deputada Thainara Faria (PT) fez forte discurso, dizendo que a luta do povo preto por dignidade e reconhecimento deve ser lembrada todos os dias e meses do ano, não apenas em um período específico. Caso contrário, a ação apenas comprovaria a invisibilidade do movimento para o restante da sociedade.

“O Brasil foi o último país da América do Sul a abolir a escravidão. Foram mais de 300 anos de sofrimento para o povo preto, que, depois, foi jogado na rua à sua própria sorte em busca de condições decentes, de um teto para viver. Assim, o racismo estrutural se construiu neste país. Porém, é bom que as pessoas se acostumem com o avanço, com cada vez mais deputados pretos, que puxam uns aos outros para cima, e não vamos recuar”, exclamou Thainara.

Em seguida, o deputado Eduardo Suplicy (PT) destacou a importância e a representatividade do Prêmio para o Legislativo Paulista. “É uma honra participar deste ato. A entrega deste prêmio é absolutamente significativa, não somente porque nos lembra da figura onipresente de Zumbi dos Palmares, um dos maiores líderes negros da história do Brasil, mas também porque alerta todo o povo brasileiro a lutar pelo fim da discriminação racial”, destacou.

Também estiveram presentes e prestaram depoimentos no evento os seguintes deputados: Barros Munhoz, do PSDB; Reis; Jorge do Carmo; Simão Pedro; e Luiz Claudio Marcolino, do PT e Marina Helou, da Rede.

Premiações

A coordenadora do SOS Racismo na Alesp, Iara Bento, foi a responsável por iniciar as premiações às personalidades e ONGs representativas da cultura negra. “Nossa luta é muito importante para o Estado de São Paulo. Essa atividade só foi possível graças aos esforços de todos os deputados desta Casa, o que é muito representativo. Não podemos tolerar mais preconceito, nem aqui nem em nenhuma cidade do Brasil”, pontuou, antes da premiação.

Indicados pelos próprios deputados da Alesp, receberam honrarias do Parlamento Paulista na noite desta segunda: o líder da congada mineira, Arnaldo Franco; a presidente do Conselho da Comunidade Negra, Mãe Andreia de Iemanjá; o militante paulistano Edgar Amaral Aparecido de Moura; o grupo cultural Pastoras do Rosário; a sambista Lucineia Cardoso; a ONG da Comunidade Negra de Indaiatuba; o Templo umbandista Vovó Catarina de Angola; o educador Frei Davi Raimundo dos Santos; a filósofa e ativista Sueli Carneiro; a líder comunitária Cristina Aparecida; a ex-presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ivone Silva; o produtor musical e líder social de Heliópolis, Marcivan Menezes Barreto; o ativista Vinicius Lima; o ex-coordenador de políticas para a juventude da cidade de SP, Claudio Aparecido da Silva; e Iara Bento, do SOS Racismo.

Também receberam menções honrosas: a codeputada Simone, do Movimento Pretas; a policial militar Margareth Barreto; o jornalista Cosmo Silva; a vice-prefeita de Diadema, Patrícia Ferreira; o prefeito de Rio Claro, Gustavo Periscinoto; e o deputado Teonilio Barba.

Troféu entregue a Arnaldo Franco, o líder da Congada Mineira

 

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