Gazeta Itapirense

Crônica: Fubeca de diamante, por Rodrigo Alves de Carvalho

O menino eufórico chega correndo na venda do Alexandre com algumas moedas nas mãos:

— Moço, eu quero uma fubeca!

Dentro de um pote de plástico repleto daquelas bolinhas brilhantes, o menino analisa de todos os ângulos para escolher a mais bonita que seria campeã nos jogos contra seus amigos. No fundo do pote, o menino observa uma bolinha diferente, seu brilho chama atenção, e com muito sacrifício é retirada do recipiente.

A fubeca era linda, sua transparência confundia-se com um tom azulado e cristalino. O menino ficou encantado pela fubeca, ainda mais, quando passou a vencer todas as partidas contra seus amigos, tanto na rua quanto na escola. Seus amigos também achavam a nova bolinha de gude do menino muito bonita:

— Parece que é feita de diamante!

— Claro! – Pensou o menino — Essa fubeca deve ser de diamante mesmo. Por isso é tão bela e brilhante.

O menino sabia que o diamante vale muito dinheiro e com aquela fubeca poderia ajudar seus pais que passavam muitas dificuldades por serem muito, muito pobres.

— Pai, pai! Olha, eu tenho uma fubeca de diamante. Ela deve ser bem cara e a gente pode vender!

O pai do menino assistia o jornal na TV da sala e nem sequer olhou para a fubeca. Apenas comentou com a esposa:

— Esse menino parece bobo! Onde já se viu, fubeca de diamante!

Naquela noite, o menino foi dormir muito triste pelo seu pai não acreditar na sorte em possuir aquela fubequinha.

— Dizem que o diamante é duro pra caramba. É impossível de quebrar. – Comentou um amiguinho da rua.

O menino então teve uma ideia para mostrar ao seu pai que aquela fubeca era realmente de diamante. Enfim, sairiam da pindaíba em que viviam.

Quando seu pai chegou do trabalho naquela tarde e retirava o barro impregnado nos sapatões furados, depois de abrir alicerce num dia chuvoso, o menino sentou ao seu lado e com um martelo na mão chamou sua atenção:

— Pai, olhe só, eu vou dar uma martelada nessa fubeca e se ela não quebrar é por que é feita de diamante. Assim, a gente pode vender ela e ganhar bastante dinheiro.

O homem parou de limpar o sapatão e olhou o menino colocar a fubeca sobre o cimento e bater fortemente com o martelo sobre ela, deixando a fubeca esmigalhada no chão.

Ao se levantar, o homem não ligou para a decepção e tristeza no rostinho do menino:

— Esse menino parece bobo! Onde já se viu, fubeca de diamante!

Rodrigo Alves de Carvalho nasceu em Jacutinga (MG). Jornalista, escritor e poeta possui diversos prêmios literários em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas. Em 2022 relançou seu primeiro livro individual intitulado “Contos Colhidos” pela editora Clube de Autores, disponível na Amazon, Americanas.com, Estante Virtual e Submarino.

 

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