Entrevista: Hipertensão é a principal causa de morte na gestação
No Dia Nacional de Combate à Redução da Mortalidade Materna, celebrado neste domingo,28, especialista alerta sobre os cuidados com a hipertensão, principal causa de óbito materno.
Dados do Observatório Obstétrico Brasileiro apontam que casos de hipertensão e eclâmpsia foram responsáveis por 23,4% dos 1.252 óbitos registrados preliminarmente em 2022.
Ainda de acordo com a instituição, o Brasil registrou um aumento de 94% na razão de mortalidade materna no Brasil, entre 2019 e 2021, período da pandemia da Covid-19.
A doença é caracterizada pelo aumento de pressão decorrente do processo gestacional. “Estudos indicam que a causa está ligada a substâncias produzidas pela placenta, portanto, a patologia se desenvolve no período gestacional, principalmente no último trimestre”, explica, em entrevista para A GAZETA, Felipe Clemente Colbert Camara, Ginecologista e Obstetra da Equipe de Alto Risco do Hospital e Maternidade São Luiz São Caetano.
Com quase seis anos de funcionamento, a unidade já realizou mais de 4,8 mil partos, e não registrou nenhum óbito materno.
“É uma marca da qual nos orgulhamos muito e que só é possível graças a uma equipe multiprofissional altamente capacitada e protocolos bem estabelecidos”, destaca Michele Batista, diretora Geral do São Luiz São Caetano.
Com 37 mil metros quadrados, 294 leitos, e estrutura completa para atendimentos de gestações de alto risco, a unidade levou para a região do ABC paulista um alto padrão de atendimento, com qualidade e excelência na Rede D’Or São Luiz.
Importância do pré-natal
Na mãe, a hipertensão pode ocasionar alterações no fígado, rins e sistema nervoso central. “Os casos mais complexos resultam na eclâmpsia, processo convulsivo que pode gerar dano cerebral”, alerta o especialista.
Já para o bebê, entre as principais consequências estão prematuridade (e todos os seus desdobramentos), baixo peso e risco de morte.
“Hoje, a hipertensão, ou pré-eclâmpsia, pode ser identificada durante as consultas de pré-natal. Isso permite a adoção de medidas de controle e uso de medicamentos que evitam o agravamento do caso”, enfatiza Felipe.
O pré-natal é fundamental para detectar doenças pré-existentes e acompanhar o desenvolvimento do bebê, identificando precocemente alterações. A realização de consultas e exames periódicos auxilia a gestante a manter uma gravidez saudável, proporcionando melhores condições de parto.
“Ao controlar o fator de risco, diminuímos consideravelmente os riscos. Não podemos esquecer também de que uma equipe qualificada e com protocolos bem definidos para agir em situações de emergência é essencial, principalmente em gestações de alto risco”, complementa o obstetra.