Gazeta Itapirense

Dú Canivezi acredita que Itapira pode virar polo de uvas para vinho

Nossa reportagem esteve com um dos mais conhecidos produtores de vinhos da região, Carlos Eduardo Canivezi Antunes, da Cantina di Riccieri, localizada no bairro do Tanquinho, em Itapira.

O motivo foi o mapeamento da viticultura no Estado de São Paulo, divulgado pela Associação Paulista de Produtores de Uvas, Vinhos e Derivados. Nela, Itapira aparece modestamente com duas propriedades rurais produtoras de uvas e vinhos.

Dú Canivezi acredita que Itapira, com o tempo, possa se tornar referência no país na produção de vinho de mesa: “Nossa cidade tem solo e clima propícios para o cultivo de uvas, sem contar a altitude perfeita, em média 700 metros. Isso favorece o desenvolvimento de uvas”, disse.

Antunes destaca que a vizinha Espirito Santo do Pinhal tem muita gente plantando uva e ganhando até prêmios internacionais: “nós temos praticamente o mesmo solo, clima e altitude de Pinhal, não tem porque a gente ficar para trás nesta história, podemos mudar esse quadro, caso mais agricultores resolvam entrar para esta cultura fascinante”, pontuou.

Dú Canivezi em uma de suas parreiras de uva para vinho

De fato Itapira possui apenas dois produtores de uvas em escala comercial, e ambos da família Canivezi.

O viticultor lembrou que atrás do plantio de uva e fabricação de vinhos vem toda uma cadeia: “com certeza deve ocorrer o mesmo de Pinhal, com o turismo saindo fortalecido e atraindo mais divisas para a cidade. Pinhal já foi referência no cultivo de café, hoje a uva e o vinho estão tomando este posto”.

 

Clima

Estudos especializados apontam as condições climáticas perfeitas de Itapira e Sul de Minas Gerais, no ‘pé’ da Serra da Mantiqueira, sendo parecidas com regiões produtoras de vinhos finos na Europa.

Hoje, a dupla poda não se resume ao Sul de Minas. Outras regiões do País, que possuem microclima similar, têm adotado a prática com bons resultados.

A técnica da dupla poda ou poda invertida é fruto de pesquisas, avanços tecnológicos e adaptação da cultura. Ela consiste na inversão do ciclo da videira e possibilita a “colheita de Inverno”, ou seja, a produção das uvas que vão dar origem aos Vinhos de Inverno se concentra durante os meses mais secos e com maior amplitude térmica, noites amenas e dias ensolarados.

A técnica de dupla poda faz com que o ciclo da videira se altere, trazendo a maturação para o Inverno. Estrategicamente, uma poda é feita em meados de agosto e a outra em janeiro. Com a segunda poda, no início do ano, o ciclo recomeça e a planta floresce em abril e maio. As uvas são, portanto, colhidas entre o final de julho e início de agosto.

Produção dos Canivezi agrada aqueles que gostam de vinhos

Nesta época de colheita, os dias são bastante ensolarados (até 27º), as noites obviamente bem mais frias (cerca de 10º) e a amplitude térmica, que é a diferença do dia e da noite, chega a 15 e 17º, um cenário ideal para as uvas. Além disso, historicamente, não chove. A chuva é um dos grandes vilões para a uva utilizada para a produção de vinhos finos.

Estas características ambientais vão proporcionar, portanto, uma bebida com perfil distinto entre os vinhos finos brasileiros, configurando qualidade e identidade ao produto.

Essa técnica começou a ser testada, e depois aperfeiçoada, no início dos anos 2000 pelo professor e produtor Murillo de Albuquerque Regina. Então pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Murilo havia acabado de retornar da França onde concluiu o seu doutorado. Na ocasião, percebeu que as condições de produção de vinhos finos na Europa eram semelhantes às características do Inverno no Sul de Minas Gerais, na região da Mantiqueira, onde o café era a principal referência agrícola.

Murillo foi, então, aprofundando os seus experimentos e observações, o que resultou num projeto bem-sucedido de produção de Vinhos de Inverno em larga escala, uma técnica adotada por várias vinícolas e que acabou sendo consolidando ano a ano, safra a safra.

Os primeiros vinhos obtidos pela técnica chegaram ao mercado uma década depois. O retorno e o reconhecimento foram imediatos, com a adoção desses vinhos pela rede enogastronômica e com premiações nacionais e internacionais atestando a qualidade do produto. Hoje, a dupla poda não se resume ao Sul de Minas. Outras regiões do País, que possuem microclima similar, têm adotado a prática com bons resultados.

 

Os Canivezi

Em Itapira a vinícola Cantina de Riccieri é a responsável por produzir vinhos de alta qualidade, com sabor inigualável, não ficando atrás de nenhum outro, nacional ou importado.

No parreiral de 1.200 pés plantados em solo rochoso, está 11 variedades de uvas, sendo apenas uma para uva de mesa.

Segundo Dú Canivezzi, uma área está sendo preparada para o plantio de mais 1.200 pés, que serão exclusivos para a produção de ‘Vinhos de Inverno’: “primeiro vamos plantar esta nova área para esta finalidade e depois os outros pés que existem hoje serão transformados em ‘Vinho de Inverno’, que com certeza irá aumentar ainda mais a qualidade de nossos produtos’, finalizou.

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