Toninha telefonista: há 45 anos ela é a ‘voz’ da fábrica Penha

“Penha, Toninha bom dia”. Muito provavelmente você caro leitor (a) já ouviu esta frase em alguma vez na vida. Se não ouviu, algum parente ou amigo que mora em Itapira já.

A voz marcante, dicção perfeita e jeito todo especial em querer ajudar pertencem à Antônia da Silva Nicioli, ou como é carinhosamente chamada, Toninha da Penha.

É ela quem está à frente da central de telefone da Fábrica de Papel e Papelão Nossa da Penha, empresa ‘mãe’ do Grupo Penha há 45 anos. Passou pelo comando do lendário Funabashi Yoshio, depois veio Sadao Miki e hoje está sob a liderança do diretor-presidente Carlos Edson Shiguematsu.

A data de admissão da telefonista Toninha é 22 de agosto de 1979, porém antes de ir para o PABX ela passou um tempo na produção: “iniciei na área de produção e quando surgiu uma oportunidade para telefonista eu fui convidada para participar do processo seletivo. Deu tudo certo e até hoje estou aqui”, contou.

Ela lembra que no começo era tudo diferente do que é hoje em dia. Os avanços tecnológicos mudaram a forma de fazer e receber uma ligação telefônica: “quando comecei, algumas cidades não tinham DDD, a gente tinha que pedir ligação para a Central da Telesp e uma atendente fazia a ligação e retornava para mim. Depois que passou a ter o DDD de cada cidade, o 019, 011, aí podíamos nós mesmos fazer a ligação, sem depender da Telesp”, lembrou, com um toque de nostalgia.

Tudo melhorou a partir da privatização da Telesp que passou para as mãos da empresa Telefónica: “aí você podia ligar direto para os clientes, só usando o DDD de cada cidade. A Penha sempre acompanhou a evolução tecnológica e foi modernizando também nesta área. Tínhamos apenas quatro linhas e, de uma hora pra outra, passamos a ter 150 ramais. Foi uma evolução muito grande e eu tive a oportunidade de estar acompanhando”.

Devido ao seu tamanho e ainda sem o surgimento do aparelho celular, a Penha teve que montar estratégias de comunicação para poder entrar em contato com seus funcionários, em especial com os gerentes que andavam pela firma: “a gente não tinha telefone para todos os ramais da fábrica, então nós tínhamos alto-falantes espalhados. Quando precisava falar com alguém eu ligava na portaria e eles anunciavam no alto-falante. Era muito engraçado, o dia todo tinha gente sendo chamada. Inclusive pessoas que moravam no bairro, escutavam o anúncio do alto falante também. Depois veio o celular, aí facilitou muito”.

Mas nos anos 90 o celular chegou com tudo para mudar de vez a vida de todo habitante do planeta Terra, e na Penha não foi diferente: “a gente tem uma facilidade com o celular que você transfere a ligação direto para o funcionário, esteja ele onde estiver”.

A supervisora de Marketing e Comunicação da empresa, Larissa Ferian, destacou um ponto relevante que é uma marca registrada de Toninha Nicioli: “como tudo era centralizado na Toninha ela se relacionava com muita gente, e ela tem uma voz bonita, uma voz marcante, todo mundo chegava aqui quando vinha visitar a empresa e queria conhecer ela, é muito legal isso. Ela ficou famosa”.

Se hoje os departamentos recebem ligações diretas, no passado todas as chamadas passavam por ela: “o ramal era para transferência, não tinha ligação direta, todas caiam no PABX, tudo passava pela telefonista, tanto eu fazia como recebia a ligação. Eu recebia cerca de 500 ligações por dia. Hoje caiu bem porque tem email, WhatsApp, celular, mas antes não’.

Entre tantas histórias, Toninha lembra do período mais conturbado por qual a humanidade passou, a pandemia de Covid-19: “foi um momento delicado sim, porque a maioria do pessoal não trabalhou presencialmente, trabalhou de casa. E os clientes? Os clientes ligavam e foi um pico de alta demanda que tivemos que lidar. Mas eu sempre fiz o melhor, tive bons professores aqui, o seo Yoshio (Funabashi), o seo Tenório, e vários outros Diretores, Gerentes e colaboradores que aprendi muito, eles fazem parte da base de minha vida, tudo que sou devo a eles também”.

Toninha já se aposentou mas, com um sorriso cativante no rosto, ela disse que tem lenha pra queimar: “se Deus deixar eu vou indo”.

Questionada sobre sua relação com a empresa, a telefonista abriu o coração: “tenho um sentimento de alegria, de gratidão por ter me recebido aqui, aqui só me aconteceram coisas boas, as pessoas, enfim, tudo. Faço tudo com muita alegria”.

Larissa contou o que sente em relação à colega de trabalho: “a Toninha é uma inspiração pra gente, para essa nova geração. É um exemplo de dedicação, profissionalismo, a gente aprende com ela o tempo todo. É uma pessoa muito preocupada, ela dá o melhor e a gente tenta se inspirar nos exemplos que ela traz pra gente. É um pessoa fantástica, não só no profissional mas no pessoal também”.

A fala da jovem parceira de Penha arrancou lágrimas da telefonista mais conhecida e querida de Itapira.

Homenagens

Atualmente Toninha Nicioli é a funcionária mais antiga da Penha e, neste ano, recebeu três reconhecimentos importantes por sua trajetória.

O primeiro deles foi em março, concedido pela ABFlexo – Associação Brasileira Técnica de Flexografia. A homenagem aconteceu por meio das redes sociais da associação, no dia 09, em celebração ao Dia Internacional da Mulher, e destacou a Toninha como uma das mulheres com maior tempo de atuação no setor de flexografia.

O segundo reconhecimento veio em 20 de março por meio de um Voto de Congratulação proposto pelo vereador Thiago Fontolan, na Câmara de Vereadores.  Homenagem foi aprovada por unanimidade.

Sobre a honraria, Thiago Fontolan destacou: “A Toninha da Penha, como carinhosamente a conhecemos, é sinônimo de dedicação, carinho e compromisso. São 45 anos de história construídos com amor e respeito, reconhecidos agora com uma justa homenagem nacional da ABFlexo. Seu exemplo é uma inspiração para todos nós — e quem já ligou na Penha sabe: o sorriso dela chega antes mesmo da voz, num simples e inesquecível ‘bom dia’. Toninha é a força da mulher traduzida em trabalho e generosidade”.

Por fim, no último sábado, 12, durante a Assembleia de Acionistas, ela foi homenageada pelo presidente do Grupo Penha, Carlos Edson Shiguematsu, que fez um reconhecimento público diante dos acionistas, em agradecimento aos seus 45 anos de dedicação, empenho e contribuição à empresa.