Prefeitura intensifica ações e teme chegada do tipo 3 da dengue em Itapira
Na quinta-feira, 20, durante uma coletiva de imprensa voltada para os jornais locais, a secretária municipal de Saúde, Maria Sueli Rocha Longhi, e a responsável técnica pela Vigilância Epidemiológica, Josemary Apolinário, detalharam a situação da dengue no município e apresentaram as novas estratégias de combate à doença.
Com números em mãos e com a experiência de quem já travou grandes batalhas contra a dengue e outras doenças, a secretária abriu a reunião dando a real sobre o momento vivido em Itapira: “Temos uma epidemia e por isso estamos tomando medidas emergenciais no sentido de trabalhar muito a prevenção, a comunicação com as pessoas e a organização do sistema de saúde. Essa luta é para que o número de casos não seja tão grande mas, se existir, que os pacientes sejam tratados de maneira eficaz, rápida, para que a gente impossibilite óbitos”, pontuou Maria Sueli.
Ao contrário do que muitas pessoas propagam por aí, o trabalho dos agentes de saúde para evitar a proliferação do ‘mosquito da dengue’ ocorreu ao longo do ano de 2024 inteiro.
“Trabalhamos eliminando focos, criadouros em toda a cidade, mas principalmente na Vila Ilze, no Complexo Vila Ilze, que foi uma região que tivemos muitos casos, dos 10 mil do ano passado essa região abrigou quase 4 mil”, destacou a secretária.

Residências
Um dado relevante apresentado se refere ao principal local de propagação de larvas e posteriormente de mosquitos transmissores: as residências.
Elas apresentaram um número preocupante: 75% dos criadouros são nas casas.
“A fêmea põe os ovos e ela fica perto da vítima, ela é de dentro de casa, do quintal da casa no máximo. Onde tem um ser humano ela fica rodeando para sugar o sangue”, esclareceu.
Josemary Apolinário também destacou a importância de todo mundo se unir para evitar que Itapira sofra de novo com essa doença que pode até matar: “estamos intensificando as ações no caso de remover criadouros e isso ajuda para um infestação mais baixa. Se por acaso chegar um vírus novo, o tipo 3 no caso, a gente pode não ter tantos casos. Temos que ter consciência que ainda não chegamos no pico da doença, que é entre abril e maio. Se chegarmos lá neste mesmo ritmo poderemos falar que não explodir de casos, mas ainda é cedo”.
Apoio das imobiliárias/corretores
Durante a entrevista Dra. Maria Sueli e Josi Apolinário aproveitaram para pedir ajuda às imobiliárias e corretores de imóveis.
Muitas os imóveis ficam meses sem receber visita e, com as chuvas frequentes nesta época do ano, qualquer coisa pode virar um criadouro da doença, uma calha, um copo no chão, entre outros.
O pedido é para que os corretores vão até com mais frequência até estes imóveis parados e verifiquem a situação por lá, se não existe água parada pronta para receber as larvas do perigoso mosquito.
Tipo 3
De acordo com o boletim divulgado no dia 18, Itapira já contabiliza 123 casos positivos e investiga um óbito suspeito neste ano. Embora a evolução da doença tenha desacelerado nas últimas semanas, os números ainda são preocupantes, especialmente porque, no ano passado, o pico de casos ocorreu entre abril e maio.
“Nós tivemos nos anos anteriores aqui em Itapira os vírus tipo 1 e 2, mas a grande preocupação nossa é que em Mogi Guaçu está circulando os tipos 1, 2 e 3, ou seja, a gente fica imune dos tipos 1 e 2, mas temos o tipo 3 aí pertinho. Tem muita gente que mora aqui e trabalha em Mogi Guaçu e essa pessoa pode trazer o tipo 3 pra cá, a chance é muito grande, e isso nos preocupa demais”, disse a secretária de Saúde.
Estratégias
Dra. Maria Sueli destacou que a Prefeitura de Itapira vem fazendo a parte dela, mas é fundamental que a população atue para eliminar os criadouros do mosquito transmissor: “O envolvimento de todas as secretarias está sendo muito importante, todas estão trabalhando muito, a gente tá fazendo ações de zeladoria da cidade. Mas, é importante que dentro de cada moradia todo mundo nos ajude também, porque é isso que vai diminuir o número de criadouro e consequentemente não nascer novos mosquitos transmissores”.
Entre as estratégias apresentadas, a principal novidade é a aquisição de estações disseminadoras de larvicidas, atualmente em processo de licitação.
Esses equipamentos funcionam como armadilhas que atraem a fêmea do mosquito. Ao tentar depositar os ovos, ela entra em contato com o larvicida e, posteriormente, transporta o veneno para outros criadouros onde pousar, eliminando as larvas e interrompendo o ciclo de vida do Aedes aegypti. “Serão 1.440 estações disseminadoras instaladas em pontos estratégicos da cidade. O objetivo é reduzir a infestação e, consequentemente, a propagação da doença”, explicou Maria Sueli.
Além dessas armadilhas, a Secretaria de Saúde também planeja adotar a nebulização veicular, conhecida popularmente como fumacê. Atualmente, as nebulizações estão sendo realizadas com máquinas costais, casa a casa, nos locais com maior incidência de casos e após ações de bloqueio de criadouros.
Outra dica importante passada pelas duas profissionais é o uso de repelente, em especial de pessoas contaminadas com o vírus.
Dessa forma evita-se que o mosquito pique alguém doente e leve para o resto da família.